Senhor Arcanjo - José Afonso

Fé é ter olhos pra enxergar quando quase ninguém vê Ser ousado pra nadar mesmo onde não da pé É andar na contra mão, saltar Na escuridão Isso é Fé Fé é remar contra maré caminhar sem escorar É a esperança ao partir E a certeza de voltar É sair da embarcação e andar Sobre o Mar Enfrentar o temporal Crer que tudo vai passar Vai passar Fé é um dom que vem de Deus É um fundamento do que não tem explicação É o escudo de quem crer Fé não se explica com a razão Fé não se explica com a razão Fé é ter olhos pra enxergar quando quase ninguém vê Ser ousado pra nadar mesmo onde não da pé É andar na contra mão, saltar Na escuridão Isso é Fé Fé é remar contra maré Caminhar sem escorar É a esperança ao partir E a certeza de voltar É sair da embarcação e andar Sobre o Mar Enfrentar o temporal Crer que tudo vai passar Vai passar Fé é um dom que vem de Deus É um fundamento do que não tem explicação É o escudo de quem crer Fé não se explica com a razão Fé não se explica com a razão Fé é um dom que vem de Deus É um fundamento do que não tem explicação É o escudo de quem crer Fé não se explica com a razão Fé não se explica com a razão Não respeita o impossível Mas crê que tudo é possível Não respeita o impossível Mas crer que tudo é possível Não respeita o impossível Mas crer que tudo é possível Não respeita o impossível Mas crer que tudo é possível

Amanhã já estou de volta Para mais um dia assim Os outros foram tal e qual Nada fora do normal Todos passaram por mim Ai de quem quer ser diferente Ter um rasto de cometa Não ter medo de brilhar Ter a pressa de arriscar Ser quem falha porque tenta Eu vou tentar Ir além do que alguém contou Dançar o que ninguém dançou Vou ter cartas para dar E é tão bonito Querer mudar o próprio fado Pois ninguém está destinado A ser o que não quer Vou fazer as malas Com licença abram alas Eu vou dar o corpo às balas Hoje vou ser quem quiser (...) Ontem já não foi igual Cortei o mal pela raiz Fui à lua e voltei Só por mim e mais ninguém Fiz por ser tudo o que quis Eu vou-me dar À quebra da rotina Enquanto finto a vida Só para poder sonhar E é tão bonito Querer mudar o próprio fado Pois ninguém está destinado A ser o que não quer Vou fazer as malas Com licença abram alas Eu vou dar o corpo às balas Hoje vou ser quem quiser (...) Vou fazer as malas Com licença abram alas Eu vou dar o corpo às balas Hoje vou ser quem quiser Não importa a viagem Nem a falta de coragem Vou fazer por ser feliz Vou fazer por ser feliz

Eu fui à terra do bravo Eu fui à terra do bravo Bravo meu bem Para ver se embravecia Bravo meu bem Para ver se embravecia Cada vez fiquei mais manso Cada vez fiquei mais manso Bravo meu bem Para a tua companhia Bravo meu bem Para a tua companhia Eu fui à terra do bravo Eu fui à terra do bravo Bravo meu bem Com o meu vestido vermelho Bravo meu bem Com o meu vestido vermelho O que eu vi de lá mais bravo O que eu vi de lá mais bravo Bravo meu bem Foi um mansinho coelho Bravo meu bem Foi um mansinho coelho As ondas do mar são brancas As ondas do mar são brancas Bravo meu bem E no meio amarelas Bravo meu bem E no meio amarelas Coitadinho de quem nasce Coitadinho de quem nasce Bravo meu bem P'ra morrer no meio delas Bravo meu bem P'ra morrer no meio delas

És a primeira a sorrir, és a primeira a cuidar És a primeira a amparar a queda Por entre os lençóis, sonhando uma vida a dois Somos bandeira branca em tempos de guerra És a primeira a lá estar e a não desistir A primeira a ver-se na regra De que quem ama tem de o fazer por igual Somos tréguas em tempos de guerra Somos um do outro para o que der e vier Somos aposta ganha em qualquer malmequer E que se meta a colher Somos marido e mulher Somos um para o outro aquilo que queremos para nós E não deixamos de nos ser mesmo quando sós E é assim que se quer Somos marido e mulher És a primeira a ralhar e a não aturar Sempre que te tiro do sério Dona do mistério de saber como tudo se faz Somos teimas em tempos de paz És a primeira a sonhar, a primeira a fazer-se à sorte Trocas-me as voltas ao trocares de acorde Pedes o mundo enquanto a mim te dás Somos manhas em tempos de paz Somos um do outro para o que der e vier Somos aposta ganha em qualquer malmequer E que se meta a colher Somos marido e mulher Somos um para o outro aquilo que queremos para nós E não deixamos de nos ser mesmo quando sós E é assim que se quer Somos marido e mulher Somos marido e mulher E haja guerra ou paz E haja guerra ou paz E haja guerra ou paz Somos marido e mulher

Dorme meu menino a estrela D'alva Já a procurei e não a vi Se ela não vier de madrugada Outra que eu souber será p'ra ti Outra que eu souber será p'ra ti Ô, ô, ô, ô, ô, ô, ô, ô, ô, ô Ô, ô, ô Ô, ô, ô, ô, ô, ô, ô, ô, ô, ô Ô, ô, ô Outra que eu souber na noite escura Sobre o teu sorriso de encantar Ouvirás cantando nas alturas Trovas e cantigas de embalar Trovas e cantigas de embalar Ô, ô, ô, ô, ô, ô, ô, ô, ô, ô Ô, ô, ô Ô, ô, ô, ô, ô, ô, ô, ô, ô, ô Ô, ô, ô Trovas e cantigas muito belas Afina a garganta, meu cantor Quando a luz se apaga nas janelas Perde a Estrela D'alva o seu fulgor Perde a Estrela D'alva o seu fulgor Ô, ô, ô, ô, ô, ô, ô, ô, ô, ô Ô, ô, ô Ô, ô, ô, ô, ô, ô, ô, ô, ô, ô Ô, ô, ô Perde a estrela D'alva pequenina Se outra não vier para a render Dorme qu'inda a noite é uma menina Deixa-a vir também adormecer Deixa-a vir também adormecer Ô, ô, ô, ô, ô, ô, ô, ô, ô, ô Ô, ô, ô Ô, ô, ô, ô, ô, ô, ô, ô, ô, ô Ô, ô, ô

Vejam bem Que não há só gaivotas em terra Quando um homem se põe a pensar Quando um homem se põe a pensar Quem lá vem Dorme à noite ao relento na areia Dorme à noite ao relento do mar Dorme à noite ao relento do mar E se houver uma praça de gente madura E uma estátua E uma estátua de febre a arder Anda alguém Pela noite de breu à procura E não há quem lhe queira valer E não há quem lhe queira valer Vejam bem Daquele homem a fraca figura Desbravando os caminhos do pão Desbravando os caminhos do pão E se houver Uma praça de gente madura Ninguém vai levantá-la do chão Ninguém vai levantá-la do chão Vejam bem que não há só gaivotas em terra Quando um homem Quando um homem se põe a pensar Quem lá vem Dorme à noite ao relento na areia Dorme à noite ao relento do mar Dorme à noite ao relento do mar Vejam bem Que não há só gaivotas em terra Quando um homem se põe a pensar Quando um homem se põe a pensar Quem lá vem Dorme à noite ao relento na areia Dorme à noite ao relento do mar Dorme à noite ao relento do mar E se houver uma praça de gente madura E uma estátua E uma estátua de febre a arder Anda alguém Pela noite de breu a procura E não há quem lhe queira valer E não há quem lhe queira valer E não há quem lhe queira valer