A cidade tá cruel e eu ando meio cético
Vou atrasar, sai do trampo agora, é sete e pouco
Tô meio rouco nem tô afim de falar
Ando com sono, nem tô afim de pensar
Que a vida é curta, eu ouvi truta, mas não entendi
Por que parece ser tão longa pra mim?
Anseio por tantos anseios no seio dessa nação
Que me deprimo por não serem alcançados com exatidão
Mano, na internet depositam seu lixo
Na rua da minha casa tem uma placa por lixo
E nisso vieram questões a minha cabeça
Preciso diminuir para que o Senhor cresça
E não cresça nada nocivo no centro do meu peito
Eu vi teu cetro estendido por isso que me atrevo a pedir 'ajuda'
Ouvi dizer que o véu se rasgou
Que do alto é possível que o Senhor mande fogo
Peço: aqueça os corações gelados que não percebem o outro
Como a Parábola do Bom Samaritano
E que nosso senso de justiça não seja distorcido
Como em Guerra Infinita no fim com Thanos
Veneno subcutâneo parece ser injetado
O efeito no organismo parece ser imediato
Ao contato com o vil metal, no contrato não viu o metal
Que atingiria sua vida de uma forma letal
A crueldade no Brasil, um país de todos
Desde a invasão portuguesa vários são encontrados mortos aqui
Desfalecidos, negligenciados
Pelo estado que enxerga o nosso povo como escravo
A maldade humana aqui não surpreende mais
Gostar de mim, agora, tanto fez, tanto faz
E o cachorro da madame vale mais que um de nós
E o nós dos nossos laços se perderam (estou a sós)
Caminhando contra o vento, vivendo um clima tenso
Na esperança de um dia poder nos entender
Cada verso aqui escrito é um drama por nós vivido
E só tenho o meu amor, é o que eu posso oferecer
Cultivo a empatia, você não está sozinha
O mundo está ao contrário e ninguém reparou
Fim da vida e o respeito que tenho comigo mesmo
Se ao te ver sofrer eu não sentir a sua dor
Pai, perdoai-vos, porém hoje eles sabem o que fazem
Te dão prisão e vendem o sonho da liberdade
E esse conflito é grave, grave agora
Só desamor, não há amor nessa cidade morta
Perdoai-vos, porém hoje eles sabem o que fazem
Te dão prisão e vendem o sonho da liberdade
E esse conflito é grave, grave agora
Só desamor, não há amor, sociedade morta
Genocídio como tática, de forma tácita
Necropolítica implícita em toda essa prática
Mente cética pra essa ética de forma dialética
Senso crítico, analítico na construção poética
Se aproveitam da descrença do povo
Nacionalismo, populismo aparece de novo
Nos veem como estorvo, do alvo conheço a cor
Pois a tenho na pele, carrego o cerne da dor
A gente cansa, mas sem tempo não descansa
Na ânsia por liberdade enxerga além, retira o véu da maldade
Cada detalhe aparente, tememos por parentes
E o que tô dizendo não é entre parênteses
Presta atenção, a cada cena enxergo um impasse
Percebo que nos falta consciência de classe
Quem detém o capital não se importa por sua saúde
E não sou eu que to sendo rude
É por mim, é por nós, nossa voz uma só
Lutando por um futuro que nos pareça melhor
Capital vive de crise a gente precisa ver
Se eles pensam em alguém, certeza, não é em você
Trancafiado no quarto, meu mundo, mocado
Máscara pro mascarado a boa do mercado'
Auxílio, preciso, pago imposto pra isso, benefício temporário
Epidemia' quem imaginaria um dia
Primeiro as vidas economia vai pá casa do caralho
Emocionado de embalo, otário canta junto
É o caráter deturpado, declarado
Robotizado, lambe saco, gado desse puto
Deus acima de tudo, por isso ele ta vendo o ódio contra o índio
Amazônia morrendo, finge benevolência
Mistura tortura, politica, igreja, sua crença
A verdade absoluta, grafite tá na rua contra a ditadura
Eu quero, vou e faço, é claro, antes da viatura
Dessa altura reparo a cidade adaptada, abarrotada
Dividida por classe, assassino ganha homenagem
Borba Gato, Raposo Tavares, Militares
Milhares hectares de corações partidos
A bala que atravessa tem reflexo no vidro
Podia ser você e o mesmo destino interrompido com dedo no gatilho
Inimigo é no plural, éh, rima pra geral
Pensamento positivo tudo do mesmo quintal
Pai, perdoai-vos, porém hoje eles sabem o que fazem
Te dão prisão e vendem o sonho da liberdade
E esse conflito é grave, grave agora
Só desamor, não há amor nessa cidade morta
Perdoai-vos, porém hoje eles sabem o que fazem
Te dão prisão e vendem o sonho da liberdade
E esse conflito é grave, grave agora
Só desamor, não há amor, sociedade morta